
Irmãos e irmãs em Cristo,
“Ainda estava escuro…” – assim começa o Evangelho de hoje (Jo 20,1). Maria Madalena caminha ao sepulcro antes do nascer do sol. A escuridão ao redor reflete também a dor interior: a esperança parecia morta, enterrada, encerrada por uma pedra. Quantas vezes também nós caminhamos nesse mesmo escuro: nas crises familiares, no sofrimento pessoal, nas dores do mundo…
Mas ali, naquela manhã sombria, algo extraordinário aconteceu. A pedra foi retirada. O túmulo está vazio. Pedro e o outro discípulo correm até o sepulcro, e o Evangelho nos diz: “Ele viu e acreditou” (Jo 20,8).
Esse é o anúncio central da nossa fé: Jesus está vivo! Não está mais entre os mortos. O Crucificado ressuscitou. E sua ressurreição é a vitória definitiva sobre o pecado, a dor e a morte.
Neste Ano Jubilar, em que a Igreja nos convida a sermos “Peregrinos da Esperança”, a Ressurreição nos aponta o verdadeiro destino da nossa peregrinação: a Vida plena em Deus. Somos povo em marcha, como o povo de Israel, liberto da escravidão do Egito, caminhando rumo à Terra Prometida. Como diz o Apóstolo Paulo:
“Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Cl 3,1).
O Jubileu é tempo de restauração.
Na Sagrada Escritura (cf. Lv 25), o ano jubilar era um tempo sagrado: as dívidas eram perdoadas, os escravos libertos, as terras devolvidas. Tudo voltava ao seu princípio, como um novo começo. A Ressurreição é isso: o novo Gênesis, o recomeço da humanidade em Cristo.
Como nos diz São Paulo:
“Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram; eis que tudo se fez novo” (2Cor 5,17).
A esperança que celebramos hoje não é ilusão, não é fuga da realidade. É uma esperança sólida, como a pedra removida do túmulo. Uma esperança que caminha, que transforma, que move a Igreja a ir ao encontro dos irmãos. Como nos ensina o Papa Francisco:
“Ser peregrinos da esperança significa deixar-se tocar pela alegria da Ressurreição e levá-la ao mundo inteiro, especialmente onde a vida está ferida”.
Hoje, o Ressuscitado nos envia como testemunhas.
Como as mulheres que correram do túmulo para anunciar aos discípulos. Como os dois de Emaús que voltaram apressados para Jerusalém. Como os Apóstolos que, cheios do Espírito Santo, saíram a evangelizar.
E nós?
Como viveremos este tempo santo?
Como levaremos essa esperança pascal a quem vive no escuro?
Aos que perderam o sentido da vida?
Aos pobres e abandonados?
Aos que estão presos, doentes, esquecidos?
A ressurreição não é só um fato do passado, é uma força viva no presente. Cristo ressuscitou para transformar a tua vida, a tua história, a tua dor. Ele passa pelas portas fechadas do nosso coração, como fez com os discípulos, e diz: “A paz esteja convosco!” (Jo 20,19)
Queridos irmãos e irmãs, celebremos esta Páscoa como verdadeiros peregrinos da esperança.
Abramos o coração à luz do Ressuscitado.
Façamos deste Ano Jubilar um tempo de reconciliação, de caridade, de alegria.
Corramos também nós ao encontro de Cristo vivo, como Pedro e João. E que, ao ver os sinais da Ressurreição, nós também vejamos… e acreditemos.
Cristo ressuscitou! Aleluia! Verdadeiramente ressuscitou! Aleluia!
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