
Na meditação da Via-Sacra da Sexta-feira Santa de 2025, o Papa Francisco propôs uma profunda reflexão sobre o sofrimento de Cristo e sua missão redentora no mundo atual. Mesmo sem presidir pessoalmente o rito no Coliseu, o Pontífice preparou os textos com uma mensagem forte: Jesus desce até nós, se entrega por amor e nos ensina um caminho de reconciliação e esperança.
A cruz que une e reconcilia
Francisco destacou que o caminho de Jesus rumo ao Calvário é uma descida em direção ao mundo que Deus ama. Ele, pregado na cruz, se coloca entre os opostos, derrubando muros e estabelecendo pontes, cancelando dívidas, curando feridas, unindo os dispersos. A cruz é, para o Papa, símbolo de reconciliação, expressão de um amor que se doa sem exigir nada em troca.
“Jesus, o verdadeiro Jubileu, derruba os muros, cancela as dívidas, estabelece a reconciliação.”
A economia divina: repara, não descarta
Um dos pontos centrais da meditação é a crítica às “economias desumanas”, marcadas por cálculos, algoritmos, interesses frios e lógicas implacáveis. Em contraste, Francisco apresenta a “economia de Deus”, humilde, fiel, que repara, cultiva e protege. Um convite à conversão: trocar a lógica do descarte pela lógica do dom e da misericórdia.
“A economia de Deus não mata, não descarta, não esmaga. É humilde e fiel à terra.”
Cair e levantar: a pedagogia de Cristo
O Papa refletiu sobre as quedas de Jesus como imagem da fragilidade humana, mas também do recomeço. Cada queda é um chamado a levantar-se com dignidade, aceitando a própria humanidade e acolhendo a dos outros.
“Cair e levantar-se: essa é a aventura da vida humana. A cruz nos mostra que é possível recomeçar.”
O peso da cruz e a partilha da dor
Com ternura, Francisco recordou os muitos que, como Simão de Cirene, são chamados a carregar cruzes que não escolheram. E exorta: deixar-se tocar pela dor do outro é viver o Evangelho. Cristo se identifica com cada sofredor, e sua cruz se torna símbolo de esperança, inclusive nas dores mais duras.
Mulheres, rosto do discipulado silencioso
As figuras femininas da Via-Sacra – Maria, Verônica, as filhas de Jerusalém – revelam discípulas fiéis, que não discursam, mas agem com amor. Suas lágrimas e gestos de compaixão são luzes no caminho da dor, lembrando-nos que a fé se vive no concreto da ternura e da presença.
“Deus não fala apenas com palavras: fala com gestos. E esses gestos se chamam amor.”
A cruz como escolha de liberdade
Francisco destacou que até na cruz há liberdade. Jesus escolhe perdoar, amar e salvar. E essa liberdade de amar, mesmo em meio ao sofrimento, é a maior expressão da liberdade cristã. A cruz não aprisiona, ela liberta do egoísmo e abre à esperança.
Um chamado à conversão do coração
Para o Papa, a Via-Sacra é mais do que um rito: é um caminho espiritual de transformação. Um convite a interromper os caminhos habituais, abrir-se ao dom, rever a própria vida e enxergar o outro como irmão.
“A Via-Sacra é a oração de quem se move. É um caminho que custa, mas nos leva à reconciliação.”
Neste tempo pascal, a mensagem da cruz nos lembra que em meio a um mundo ferido, o amor de Cristo continua reparando, unindo e salvando. Que possamos seguir seus passos com coragem, compaixão e fé.
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