O cardeal Claudio Gugerotti, enviado especial do Papa Francisco, concluiu sua visita à Síria na quarta-feira, 29 de janeiro, retornando ao Vaticano após uma intensa programação em Damasco, Alepo, Homs e Mar Musa. Durante sua missão, ele levou a mensagem de proximidade e solidariedade do Pontífice aos cristãos sírios e a toda a população do país, que enfrenta severas dificuldades.
A presença do Papa como um antídoto contra o medo
Ao término da viagem, o prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais descreveu os dias vividos na Síria como profundamente emocionantes. “Foi com grande comoção que testemunhei as duras condições de vida do povo sírio: a pobreza generalizada, a falta de água e eletricidade, o frio e a incerteza sobre o futuro”, afirmou o cardeal Gugerotti. Ele destacou que, apesar desse cenário desolador, a mensagem do Papa foi recebida com grande impacto. “O carinho e o consolo do Santo Padre tocaram profundamente os sírios, que responderam com gestos intensos de gratidão”, acrescentou.
O desafio da permanência cristã
A crise econômica e social que afeta a Síria tem impulsionado a emigração em massa, especialmente entre os cristãos. O cardeal alertou para o risco de um esvaziamento completo da presença cristã no país, justamente onde o cristianismo teve suas raízes. “Estamos fazendo todo o possível para garantir que os filhos dessas famílias possam ter um futuro em sua própria terra, pois a perda da presença cristã significaria um grande empobrecimento para toda a sociedade síria”, enfatizou.
Juventude engajada na reconstrução
Durante sua viagem, o cardeal encontrou muitos jovens que demonstram um forte desejo de permanecer na Síria e contribuir para sua reconstrução. Em cidades como Alepo, Homs e Damasco, grupos juvenis e escoteiros continuam ativos nas paróquias, reunindo e motivando os jovens cristãos. “Eles se sentem sírios antes de tudo e querem ser protagonistas na construção de um novo tecido social”, destacou Gugerotti. Ele ressaltou que cabe às Igrejas locais a responsabilidade de apoiar essa geração e oferecer perspectivas concretas para seu futuro no país.
Unidade cristã na transição síria
Diante do cenário de incerteza política e social, o cardeal fez um apelo à unidade entre os líderes cristãos da Síria. “É fundamental que as Igrejas falem com uma só voz neste momento de transição. Apesar das diferenças de tradição e organização, a divisão enfraquece a relevância dos cristãos no futuro do país”, afirmou. Para reforçar esse compromisso, a missão papal incluiu encontros com líderes das Igrejas Ortodoxas, promovendo o diálogo e a colaboração em questões fundamentais.
O papel dos cristãos e da Santa Sé
Segundo Gugerotti, o futuro da Síria exige uma sociedade plural e equilibrada, onde os cristãos tenham um papel ativo. “Se queremos um Estado que respeite sua diversidade, é necessário que os cristãos estejam unidos e presentes. A Santa Sé continuará a desempenhar seu papel nesse processo, apoiando as comunidades cristãs e a população síria como um todo”, concluiu.
A visita do cardeal reforça o compromisso do Papa Francisco em apoiar os cristãos sírios, oferecendo não apenas palavras de conforto, mas também incentivo para que permaneçam em sua terra e participem da reconstrução do país.
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