Papa Francisco: Vida, Missão e Legado

A Igreja se despede do Papa Francisco no início da Páscoa de 2025.

Origens humildes e vocação jesuíta

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes piemonteses. Seu pai, Mário, era contabilista ferroviário, e sua mãe, Regina Sivori, cuidava da casa e dos cinco filhos. Formou-se como técnico químico antes de escolher o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto.

Em 1958, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus. Estudou filosofia, literatura, psicologia e teologia, dando aulas em colégios jesuítas e se formando em teologia no Colégio de São José. Foi ordenado sacerdote em 13 de dezembro de 1969 e professou seus votos perpétuos em 1973.

O jovem sacerdote, Pe. Bergoglio.

Liderança jesuíta e missão pastoral

Assumiu diversos cargos na Companhia de Jesus na Argentina, incluindo o de provincial entre 1973 e 1979. Depois disso, atuou como reitor, diretor espiritual e confessor. Em 1992, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires por São João Paulo II e, em 1998, tornou-se arcebispo da capital. Em 2001, foi criado cardeal.

Conhecido por seu estilo simples, dispensou palácios e escolheu viver num modesto apartamento, cozinhando sua própria comida e andando de metrô. Sempre destacou a importância da justiça social, da misericórdia e da presença pastoral entre os pobres. Seu lema episcopal foi Miserando atque eligendo.

O Papa Francisco: uma Igreja em saída

Como arcebispo de Buenos Aires, lançou um plano missionário com foco na evangelização, nas comunidades fraternas e no serviço aos mais vulneráveis. Liderou campanhas de solidariedade, como as “duzentas obras de caridade” rumo ao bicentenário da independência argentina, em 2016.

Eleito Papa em 13 de março de 2013, tornou-se o primeiro pontífice jesuíta e o primeiro da América Latina. Escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, refletindo seu desejo por uma Igreja pobre para os pobres.

Durante seu pontificado, destacou-se pelo contato direto com o povo, pelas reformas na Cúria Romana, pela promoção do diálogo inter-religioso e da ecologia integral. Também enfrentou resistências internas com serenidade e firmeza, sem jamais abandonar seu estilo humilde e acessível.

Papa Francisco saúde os fiéis na Praça de São Pedro, após sua eleição pelo Conclave.

Saúde, cuidado e humanidade

De 14 de fevereiro a 23 de março de 2025, o Papa Francisco esteve internado no Hospital Gemelli, em Roma, por 38 dias. Foi diagnosticado com uma infecção respiratória que evoluiu para uma pneumonia bilateral, exigindo tratamento intensivo e prolongado. Sua recuperação parcial permitiu que retornasse à Casa Santa Marta, onde continuou sob cuidados médicos.

Mesmo debilitado, fez questão de estar presente entre os fiéis em alguns momentos durante a Quaresma e, por fim, no Domingo de Páscoa de 2025.

Participou da Missa Pascal, presidida pelo Cardeal Angelo Comastri, esteve presente à leitura de sua mensagem de Urbi et Orbi, saudou os fiéis e circulou na Praça São Pedro de papamóvel pela última vez. 

Últimos momentos e comunicado oficial

No domingo da Ressurreição, após sua emocionante aparição na Praça São Pedro, o Papa Francisco permaneceu na Casa Santa Marta, onde seguiu sob cuidados. Seus últimos momentos foram vividos ali, no silêncio e na serenidade de seu apartamento. Francisco descansou durante a tarde e jantou tranquilamente. Por volta das 5h30 da manhã do dia 21 de abril de 2025, começaram os primeiros sinais de indisposição, prontamente percebidos por seu enfermeiro pessoal, Massimiliano Strappetti, que o acompanhava de perto. 

Pouco depois das 7h, após acenar para Strappetti, o Papa entrou em coma e faleceu de forma tranquila, sem sofrimento, em sua cama, no segundo andar da Casa Santa Marta. Segundo relatos de quem esteve ao seu lado, “foi tudo muito rápido”.

O anúncio de seu falecimento foi feito com profunda emoção pelo cardeal Kevin Farrell, destacando a dedicação total de Francisco à Igreja e ao Evangelho. O laudo médico confirmou como causas da morte: derrame cerebral, pneumonia bilateral, bronquiectasias, hipertensão arterial e diabetes tipo 2.

Momento em que o Camerlengo, Card. Farrell, oficializa o falecimento do Papa Francisco ao mundo.

Um legado eterno de esperança

A partida de Francisco, na segunda-feira da Oitava da Páscoa, parece ter sido mais do que uma coincidência: foi uma Páscoa definitiva, a travessia serena de quem viveu para anunciar a Ressurreição.

A Igreja agradece profundamente por sua vida doada. Francisco será lembrado como o papa da misericórdia, da escuta, dos gestos concretos e do Evangelho vivido com radicalidade. Seu legado permanece vivo no coração dos pobres, dos doentes, dos abandonados e de todos aqueles a quem ele amou com ternura de pai.

A Igreja agradece a Deus pela vida, exemplo e serviço do Santo Padre Francisco.

Cristo Ressuscitado o acolha com alegria! Francisco vive agora a plenitude da esperança que anunciou ao mundo inteiro.

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